segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A puta.

...pegaram a puta! Amordaçaram-na e amarraram por todo o corpo junto a cadeira.

Ela não sabia onde estava, só sabia que homens ao seu redor apostavam vidas, sexo e dinheiro em troca de divertimentos. Era delicada, apesar de vender seu corpo.

Não sabia muito o motivo da captura. Vendia-se apenas para sustentar o que nada tinha. Perdeu dignidade, virgindade, idade e a maturidade. Julgam-a: 'Perdeu sim, a vergonha na cara!'

Morria por dentro, suas roupas foram arrancadas para limpar o chão da casa que a aprisionava, seus lábios estavam rachados, seus olhos esbugalhados. Era duro sentir o que ela nem conseguia mais entender.

As pessoas eram mais cruéis do que ela poderia imaginar. Era puta, mas era humana.

Passou horas e horas, sentada sem água e sem dinheiro para poder voltar para a casa depois de largada em qualquer terreno. Uma noite inteira, como se fosse uma eternidade para as dores. Os homens se aproximavam...

Percebeu que eram homens pobres, com a dignidade ferida pelos apelos que haviam feito por apenas uma noite introduzindo-os em seu corpo. Como ela havia negado devido não terem nem um centavo, sequestraram a puta, não para sexo, mas para vingança de serem recusados por uma puta: 'Caralho, uma puta negando uma trepada! Sofre!'

Não era uma 'trepada', era uma vergonha. Não transava por transar, emprestava seu corpo em troca de dinheiro, mas ainda assim continuava com a dignidade de uma mulher e o sorriso de mãe.

Ao amanhecer foi solta, queriam mesmo dar um susto. Mas isso era pouco, perto do que vivia nas ruas. A sua vida era presa dentro de sonhos limitados pela sociedade. A sociedade que faz parte.

Continua sendo puta, mulher e amante.

(22/02/2007)

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