domingo, 4 de outubro de 2009

Pensamentos alheios em uma noite avessa.

O superficial apareceu e bateu em minha porta. Queria apenas uma noite de sono, tranquila, imaginando que poderia haver paz. Mas não, em um momento eu quis abrir a porta, mantive-a fechada. Pelo turbilhão que havia em minha mente, incontrolavelmente abriu-se uma porta, a porta que deixaria o superficial entrar.

Enfim entrou em minha mente, e tudo que eu imaginava era superficial. Mas que bosta! Era tudo um clichê confuso... não sou mais eu, nem meus próprios pensamentos. O ócio mudou-se de repente, transformando minha mente infértil numa grande noite paulistana, não pensaria mais em nada. Superficialmente vivendo estava, estava em pleno declinio. Qual seria o valor disso tudo? (Nenhum!) As luzes brilhavam e pessoas chegavam, dinheiro rolava, minha buceta apertavam, a coca cheiravam, gargalhadas, amizades (?), era festa, em minha cabeça superficial... Passei a noite mais superficial que pude um dia presenciar.

Por um momento de sobriedade, corri com a cabeça contra a parede. Infelizmente, bati bem na parte oca da parede, fazendo cair um pedaço de gesso no chão. Voltei a mim... mas, quem era mim? quem é 'mim'? Pensei em estar com amnésia. Corrida em direção ao banheiro, desespero na procura de frascos de remédios que me ajudassem a voltar a minha realidade. Ofegante estava e confusa que decidi entrar embaixo do jato d´água gelado que caia do chuveiro para ver se algo além poderia me ajudar. Depois de uma hora vi que nada adiantava.

Pensei então em ligar para alguém, mas não havia alguém. Só conhecia eu como alguém. Desesperador.

Deitei no chão da sala, nua. Liguei o ventilador de teto e apaguei a luz. Nenhum sinal de vida, da minha vida. Simplesmente não a tinha.

No chão espero, meus pensamentos não param, minha vida gira com a hélice do ventilador. Ao ver, penso em perseguir o alheio que tranquei para fora, mas o chão me puxa para ma noite sem sol.

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